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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O MAC de Niteroi completa 15 anos com exposição de Frans Krajcberg

Frans Krajcberg é o convidado de honra do MAC para comemorar os 15 anos do museu

Um dos artistas visuais mais famosos do mundo, Frans Krajcberg foi convidado para abrir um exposição no Museu de Arte Contemporânea de Niterói por um motivo mais do que especial: comemorar os 15 anos do MAC. A mostra, que abre no dia 3 de setembro, reúne 28 obras, que se dividem em 7 esculturas de chão, 7 trabalhos que são marcas notórias do artista, que remetem à sombra, além de 15 fotografias, fotos da natureza espalhadas por diversos períodos da vida do artista.


A escolha das obras foi realizada pelo respeitado artista plástico e ambientalista que este ano completou 90 anos.

Krajcberg vive em Nova Viçosa, interior da Bahia, desde a década de 70, e confeccionou a maioria de suas peças de cipós e troncos de árvores destruídas pelo fogo. Seus trabalhos possuem uma estética totalmente inovadora com um tema mais discutido no mundo contemporâneo: a natureza. Segundo a marchand Marcia Barrozo do Amaral, que representa as obras do artista, Krajcberg vive 24 horas por dia pela incansável luta pela natureza e pelo planeta.
"A natureza para Frans Krajcberg é um enorme reservatório de energia vital e de poesia visual, o teatro permanente de sua metamorfose..." Com estas palavras o critico Pierre Restany define a principal preocupação do artista, ao longo de mais de meio século de trabalho: as grandes questões do meio ambiente e a possibilidade de formular soluções realistas.

Frans Krajcberg

Depois de ter lutado na 2a Guerra Mundial, por puro acaso, Krajcberg veio para o Brasil, em 1948, onde também não tinha amigos e não conhecia a língua. E, aqui, Krajcberg renasceu:
"Nasci deste mundo que se chama 'natureza'. O grande impacto da natureza foi no Brasil que senti.
Aqui eu nasci uma segunda vez. Aqui eu tive a consciência de ser homem e de participar da vida com minha sensibilidade, meu trabalho, meu pensamento. Aqui me sinto bem".
Palavras dele. 

Frans Krajcberg viveu em Monte Alegre, no Paraná, onde produziu a série de pinturas denominadas "Samambaias", em São Paulo, no Rio, sempre trabalhando, sempre criando. Morou em Paris, onde mantém um atelier até hoje, viveu em Ibiza, ali iniciando a série de Relevos sobre pedra que lhe valeram o Prêmio de Pintura, na IV Bienal de São Paulo (1957) e na Bienal de Veneza (1964). De volta ao Brasil, Krajcberg se estabeleceu em Minas Gerais, na região de Itabirito e travou conhecimento com os pigmentos naturais de origem ferrosa, que se tornaram marca registrada em seus trabalhos. Foi a época dos relevos em papel, das esculturas em madeira lavada, etc. Em 1972, mudou-se para Nova Viçosa e construiu a sua "Casa na Árvore" pousada num pequizeiro. Dali partiu inúmeras vezes para Amazônia, para o Pantanal, Marajó, São Luiz, sempre registrando a beleza destas regiões do Brasil, sua grande paixão. Mas, principalmente, denunciando a destruição da natureza, as queimadas, a extinção das tribos indígenas. Como conseqüência destas viagens, Krajcberg introduziu o fogo na sua obra - é a época das esculturas queimadas, que tanto impacto causaram no público que visitou a exposição de Bagatelle, ponto alto do ano Brasil-França. Frans Krajcberg, além de artista plástico mundialmente renomado, com obras nos mais importantes museus, é excelente fotógrafo. Em suas viagens à Amazônia, ao interior de Minas Gerais, ao Pantanal, assistiu cenas chocantes de destruição ambiental. Esses registros feriram e ferem de tal maneira sua sensibilidade, que estão sempre presentes em suas obras, principalmente nas "esculturas queimadas". A importância de sua obra no contexto da ecologia mundial é indiscutível. A viagem que fez ao Alto Amazonas com o crítico e filósofo Pierre Restany, quando redigiram e lançaram o "Manifesto Rio Negro", foi um marco fundamental em seu trabalho: toda sua atenção se voltou para a preservação da natureza. Outro aspecto deste protesto são as fotos - registro vivo da tragédia - cujo impacto é extraordinário. Assim, grande defensor das causas ecológicas, acumulou, ao longo de décadas, um importante acervo de fotografias, reunindo não só imagens da riqueza da flora brasileira, como as agressões por ela sofrida.

Espaço: pátio e 1º piso do museu, salão principal

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