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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Consciência Negra no Museu Afro Brasil

Abertura das exposições no Dia da Consciência Negra 
 20 de novembro, às 13h 
 "Dois Irmãos. João e Arthur Timótheo da Costa" 
"Arte, Adorno, Design e Tecnologia no Tempo da Escravidão"
 "Pérolas Negras", de Miro


 "Pérolas Negras", de Miro 



Um dos mais importantes fotógrafos de editoriais de moda e publicidade no Brasil, Miro (nome artístico de Azemiro de Sousa) vai expor pela primeira vez em um museu. Convidado por Emanoel Araujo para realizar um trabalho inédito para o Museu Afro Brasil, Miro levou um ano para alcançar o resultado de "Pérolas Negras".

 Inicialmente, surgiu a ideia de fotografar modelos negros num fundo preto, com tecidos pretos. "A primeira (etapa) ficou um pouco fashion demais. Comecei a pensar em outras coisas e a mudar a textura dos tecidos. Ficou meio pop. Voltei atrás e comecei a pesquisar uma coisa mais africana. Eu não queria que ficasse como fantasia, queria algo que desse mais para a origem do que só a foto de um negro. Comecei a produzir tudo em preto e só um pouquinho em color. Conheci angolanos que moram em São Paulo e decidi fotografá-los", relata Miro. 

Numa terceira etapa, ele clicou personalidades negras como Zezé Motta, Haroldo Costa, Zózimo Bulbul, Milton Gonçalves, Luiz Melodia e Adriana Alves. "Aí, a gente fechou", conta. "Faço publicidade e editoriais. Para falar a verdade, foi a primeira vez que alguém me convidou para fazer um trabalho em museu. Foi isso que me atordoou", confessa o artista, que já trabalhou com revistas como "Cláudia", "Marie Claire" e "Vogue". 


Na Fotografia, Zezé Motta



Nafo Fotografia, Luiz Melodia




 Os Dois Irmãos. João e Arthur Timótheo da Costa 

Nascidos no Rio de Janeiro, no final do século XIX, em uma família numerosa e pobre, os irmãos Arthur Timótheo da Costa (1882-1922) e João Timótheo da Costa (1879-1932) participaram de diversas exposições nacionais e internacionais, marcando a pintura brasileira com obras que revelam competência e beleza. 

Com essa grande exposição, o Museu Afro Brasil comemora seus 8 anos de fundação e pretende destacar a importância histórica e cultural dos dois pintores negros."Em ambos se percebe o nascimento de uma pintura vigorosa, densa, texturada, nervosamente grafada com liberdade e exuberância colorista. Se a morte não tivesse ceifado tão prematuramente suas vidas, eles, por certo, seriam os primeiros artistas modernos do Brasil", defende o curador Emanoel Araujo.

Arthur e João iniciaram seus estudos na Casa da Moeda, como aprendizes de desenho de moedas e selos. Em 1894, ingressaram na Escola Nacional de Belas Artes. Para o crítico José Roberto Teixeira Leite, João Timótheo se destacou especialmente nos nus masculinos, mas também nos retratos de modo geral, com um desenho sensível e colorido. Por sua vez, atribui-se a Arthur Timótheo uma tendência pré-modernista nas obras da maturidade, as quais, para Teixeira Leite, se aproximam do "Expressionismo ao fazer um colorido dramático, de um desenho quase taquigráfico e de uma caligrafia pictórica nervosa e encrespada". 

Irmanados na carreira artística, ambos ultrapassaram os duros desafios de negros e mulatos no início do século XX, mas compartilharam igualmente um triste final: ambos faleceram no Hospital de Alienados, no Rio de Janeiro. 

 Arte, Adorno, Design e Tecnologia no Tempo da Escravidão

 A exposição contará com mais de 70 objetos de ofícios urbanos e rurais - muitos deles usados em fazendas e engenhos de açúcar -, compondo um conjunto que realça as contribuições dos negros para a ciência e a tecnologia no Brasil. No espaço central do museu, o visitante vai conferir moendas de açúcar, prensas de folha de tabaco, mesas de lapidação, moendas de milho, forjas de ferreiro, plainas de marceneiros, entre outros objetos que remetem aos séculos XVIII e XIX. "Por muito tempo, interessou aos que escreviam a História do Brasil reforçar um passado sofrido e 'coisificado' com o intuito de cristalizar imagens de uma suposta subalternidade. Portanto, essa exposição reescreve a História da Tecnologia do Brasil, pois resgata a Nação sendo construída pelas mãos dos africanos, trazendo assim uma imagem positiva do negro, fundamental para assumirmos com orgulho a presença em nossa identidade", afirma o diretor-curador Emanoel Araujo.

 "Desde o século XVIII, os escravos que predominaram na região de Minas Gerais, no auge da produção de ouro, eram originários da Costa da Mina, lugares da África onde os conhecimentos da mineração e metalurgia do ouro eram altamente desenvolvidos", acrescenta Araujo. Eles levavam para essas áreas um amplo conhecimento das técnicas metalúrgicas e mineradoras, da ourivesaria crioula, da marcenaria, da plantação e da colheita de café e açúcar, da construção de máquinas de engenhos. "Estes homens transmitiram suas habilidades e conhecimentos para seus descendentes, principalmente pela competência do fazer e da oralidade", o curador destaca.

 Imperdível!!! 

 Serviço:

Museu Afro Brasil
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n
Parque Ibirapuera - Portão 10
São Paulo / SP - Brasil - 04094 050
Fone: 55 11 3320 8900