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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Na pisada das cores

O artista Galeno inaugura – depois de seis anos sem expor no Rio de Janeiro – a mostra "Na pisada das cores", na Galeria Anna Maria Niemeyer
O piauiense Galeno (Francisco Galeno) abre a exposição "Na pisada das cores", no dia 6 de maio, às 20h, na Galeria Anna Maria Niemeyer (Shopping da Gávea). Pinturas, esculturas e objetos fazem parte da mostra. Lançado no Rio de Janeiro por esta Galeria, em 1986, Galeno está de volta à cidade depois de seis anos sem expor no Rio – sua última individual foi em 2004.

Este artista nascido no Delta do Parnaíba, no ano de 1957 demonstra, em suas obras, lembranças alegres de sua infância. Brinquedos, cores e peças que remetem à cultura popular são elementos presentes nos trabalhos de Galeno. As pinturas, os objetos e as esculturas que possuem a simplicidade de um menino se misturam à modernidade do espaço e da geometria de Brasília. Francisco Galeno também encontra na arquitetura da Capital Federal a inspiração para seus trabalhos, pois foi para lá, mais especificamente para Brazlândia (cidade satélite do Distrito Federal), que ele se mudou em 1975 e reside até hoje.

Algumas peculiaridades são facilmente identificadas nas obras do artista, como por exemplo o fato de não usar telas para suas pinturas. Ele prefere a madeira. O resultado são pinceladas não uniformes, mas que traduzem um cenário celeste repleto de cores cheias de luz. Suas obras conseguem unir a sofisticação e a simplicidade, o popular e o erudito.

Filho de mãe rendeira e de pai marceneiro, a história da vida do artista despertou o interesse do cineasta Marcelo Diaz. Ele, então, decidiu fazer um documentário (que começou a ser produzido em 2008) sobre Galeno menino que construía carrinhos de latinha e assistia à mãe bordar a renda de bilro. Para encontrar as paisagens, luzes e objetos tão citados pelo artista como influências definitivas, o cineasta quis visitar o Delta do Parnaíba. O filme também possui cenas realizadas em Brasília (como no ateliê do artista) e foi exibido, este ano, na TV Brasil e na TV Cultura.

Galeno, que apresentou diversas exposições individuais e coletivas, também coleciona prêmios em seu currículo, como Prêmio de Aquisição, II Salão das Cidades Satélites, Brásília-DF (1979), Prêmio Melhor Conjunto de Obras, V Salão das Cidades Satélites, Brasília-DF (1982), Prêmio de Viagem ao Exterior, Maratona de Pintura, Brasília-DF (1990), Prêmio Cultura do DF, Artes Plásticas, Fundação Solidariedade, Brasília-DF (1994), Prêmio Especial, Salão Victor Meirelles, Florianópolis-SC (1995), entre outros.

No ano passado, Galeno foi contratado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para criar novos painéis para a Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima, em Brasília. São várias as Brasílias que a obra deste artista apresenta. Ele é, no princípio, o construtor e os seus alicerces são demonstrados por uma evidente idéia de projeto.

No texto para o catálogo da mostra, Marcus de Lontra Costa escreve sobre o artista:

"Galeno transcende a verdade modernista; ele é, a uma vez, a sofisticação e a simplicidade, a interseção entre o popular e o erudito, vozes da perfiferia, do entorno, dos brasilienses das cidades satélites, da beleza oriunda das mãos e dos sentimentos de homens trabalhadores que edificam cotidianamente a dignidade do povo do nosso país. Galeno é a voz - e o espelho - da Brasília real, humana, que resgata e alimenta o desejo de seus fundadores de construir uma cidade que seja o reflexo de uma sociedade mais justa e mais fraterna.

O artista é o construtor de pontes. Ao revelar nossa infância, ele projeta o futuro; o seu lugar é apenas um ponto no qual as suas referências permitem a construção de novas geografias. Galeno, em silêncio, constrói a sua história, garimpeiro das formas e espaços repletos de luz e de encantamento".

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