Foto: Mateus Pereira
Imaginar um gigante não é difícil, principalmente quando se trata de um ser planetário. Assim, basta afirmar que a origem do seu nome não é mera coincidência, o nome desse cidadão chamado Frans Krajcberg reflete: o homem precisa do seu espaço livre na montanha.
“Frans de Francisco, Krajc de espaço amplo e berg de montanha. Um homem em seu espaço na montanha. “ Explicou o artista.
Krajcberg tem o poder de hipnotizar as pessoas tanto por sua obra quanto pelos discursos fervorosos em defesa da natureza, denunciando os problemas ambientais causados pelo homem. Acima de tudo, Krajcberg é um ser da terra - gigante que protege a natureza -, alguém que transforma destroços de árvores queimados em esculturas e protesta por meio de obras de arte, um cidadão brasileiro, baiano que indignado com as injustiças sociais e as barbáries cometidas contra a natureza, revolta e grita com a força de sua arte, demonstrando o quanto o homem está destruindo o meio ambiente e a sua própria condição de vida no planeta. A cada dia é possível perceber que o ser humano está roubando de si mesmo o direito de viver numa montanha.
“Eu fui naturalizado em 1954 e sou brasileiro. Não sou patriota para nada, mas é a primeira vez na minha vida que eu moro na minha casa, que durmo na minha cama e não foi fácil. Em todo lugar que sai alguma coisa de mim, a primeira coisa que dizem é: o polonês radicado no Brasil. Então eu me pergunto: como deve ser um homem igual a todos?” Desabafou o artista.
A história conta que ao chegar ao Brasil, depois de perder toda família nos campos de concentração nazista na Segunda Guerra Mundial, Krajcberg morou em São Paulo, onde começou a trabalhar como pedreiro e faxineiro até que teve a oportunidade de participar da montagem da I Bienal como ajudante em 1951. Em seguida, o artista mudou-se para o Paraná e se manteve afastado do circuito das artes entre 1956 e 1957, mantendo-se distante dos artistas mais atuantes naquela época. Nesse período, Krajcberg encanta-se com a natureza e passa a extrair dela uma fonte de inspiração e de reflexão, encontrando na destruição seus poderosos instrumentos de trabalho.
“Meu único desejo depois da guerra era fugir do homem. Cheguei ao Brasil por acaso. Eu morava na casa do Marc Chagall e certo dia um amigo dele que tinha uma agência de viagens, me perguntou se eu queria conhecer o Brasil. Eu estava querendo fugir da Europa e aceitei”. Explicou.
Em 1952 o Museu de Arte Moderna de São Paulo teve a oportunidade de realizar a primeira exposição com as pinturas do ativista, um marco histórico na vida do artista e na sua relação com o museu. Debruçado em suas telas, percebeu que estava sendo intoxicado lentamente pela terebentina - liquido utilizado para misturar tintas. Ao pesquisar novas maneiras de fazer arte atrelada à preocupação com o meio ambiente surge o grande momento – o casamento de um gigante com natureza. Assim, o gigante resolveu abraçar com toda a força da natureza a sua maior missão, protegê-la, custe o que custar.
Conhecer uma exposição do artista é como mergulhar na realidade, é compreender o verdadeiro sentido da vida e da necessidade de um cuidado especial com a natureza. Acorda-se do mundo do faz de conta em que tudo vai bem, cai-se na real, começa a transformação: uma experiência estética capaz de saltar olhos e coração. Mas não é apenas isso, pois o contato com a obra do autor remete à reflexão e a indagações que podem transformar pensamentos e mudar atitudes.
Gramsci diz que estamos vivendo numa época onde uma velha ordem está passando, mas ainda não conseguiu passar de vez. Tem uma nova ordem chegando, mas ela também não conseguiu nascer de vez. Parafraseando o Professor Doutor Saja, nós estamos nessa encruzilhada, numa época de mudança e numa mudança de época. Isso faz com que seja um momento decisivo na história da humanidade.
Aos 88 anos, esse bom “velhinho” continua se dividindo entre o Brasil e mundo travando uma luta gigantesca em prol da vida. Frans Krajcberg é um gênio vivo na história da humanidade que ao reinventar a natureza faz nascer um novo homem.
Artigo publicado na coluna de opinião do jornal A Tarde no dia 01 de setembro de 2009.
“Frans de Francisco, Krajc de espaço amplo e berg de montanha. Um homem em seu espaço na montanha. “ Explicou o artista.
Krajcberg tem o poder de hipnotizar as pessoas tanto por sua obra quanto pelos discursos fervorosos em defesa da natureza, denunciando os problemas ambientais causados pelo homem. Acima de tudo, Krajcberg é um ser da terra - gigante que protege a natureza -, alguém que transforma destroços de árvores queimados em esculturas e protesta por meio de obras de arte, um cidadão brasileiro, baiano que indignado com as injustiças sociais e as barbáries cometidas contra a natureza, revolta e grita com a força de sua arte, demonstrando o quanto o homem está destruindo o meio ambiente e a sua própria condição de vida no planeta. A cada dia é possível perceber que o ser humano está roubando de si mesmo o direito de viver numa montanha.
“Eu fui naturalizado em 1954 e sou brasileiro. Não sou patriota para nada, mas é a primeira vez na minha vida que eu moro na minha casa, que durmo na minha cama e não foi fácil. Em todo lugar que sai alguma coisa de mim, a primeira coisa que dizem é: o polonês radicado no Brasil. Então eu me pergunto: como deve ser um homem igual a todos?” Desabafou o artista.
A história conta que ao chegar ao Brasil, depois de perder toda família nos campos de concentração nazista na Segunda Guerra Mundial, Krajcberg morou em São Paulo, onde começou a trabalhar como pedreiro e faxineiro até que teve a oportunidade de participar da montagem da I Bienal como ajudante em 1951. Em seguida, o artista mudou-se para o Paraná e se manteve afastado do circuito das artes entre 1956 e 1957, mantendo-se distante dos artistas mais atuantes naquela época. Nesse período, Krajcberg encanta-se com a natureza e passa a extrair dela uma fonte de inspiração e de reflexão, encontrando na destruição seus poderosos instrumentos de trabalho.
“Meu único desejo depois da guerra era fugir do homem. Cheguei ao Brasil por acaso. Eu morava na casa do Marc Chagall e certo dia um amigo dele que tinha uma agência de viagens, me perguntou se eu queria conhecer o Brasil. Eu estava querendo fugir da Europa e aceitei”. Explicou.
Em 1952 o Museu de Arte Moderna de São Paulo teve a oportunidade de realizar a primeira exposição com as pinturas do ativista, um marco histórico na vida do artista e na sua relação com o museu. Debruçado em suas telas, percebeu que estava sendo intoxicado lentamente pela terebentina - liquido utilizado para misturar tintas. Ao pesquisar novas maneiras de fazer arte atrelada à preocupação com o meio ambiente surge o grande momento – o casamento de um gigante com natureza. Assim, o gigante resolveu abraçar com toda a força da natureza a sua maior missão, protegê-la, custe o que custar.
Conhecer uma exposição do artista é como mergulhar na realidade, é compreender o verdadeiro sentido da vida e da necessidade de um cuidado especial com a natureza. Acorda-se do mundo do faz de conta em que tudo vai bem, cai-se na real, começa a transformação: uma experiência estética capaz de saltar olhos e coração. Mas não é apenas isso, pois o contato com a obra do autor remete à reflexão e a indagações que podem transformar pensamentos e mudar atitudes.
Gramsci diz que estamos vivendo numa época onde uma velha ordem está passando, mas ainda não conseguiu passar de vez. Tem uma nova ordem chegando, mas ela também não conseguiu nascer de vez. Parafraseando o Professor Doutor Saja, nós estamos nessa encruzilhada, numa época de mudança e numa mudança de época. Isso faz com que seja um momento decisivo na história da humanidade.
Aos 88 anos, esse bom “velhinho” continua se dividindo entre o Brasil e mundo travando uma luta gigantesca em prol da vida. Frans Krajcberg é um gênio vivo na história da humanidade que ao reinventar a natureza faz nascer um novo homem.
Artigo publicado na coluna de opinião do jornal A Tarde no dia 01 de setembro de 2009.
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